Mulheres do Imobiliário: pauta feminina resulta em resultados financeiros
Presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário acredita que setor passa por um momento de transição
Por Breno Damascena – editada por Mariana Collini em 17/08/2024
A participação de mulheres no mercado imobiliário, especialmente nos cargos de liderança de grandes empresas, está em um momento de transição. É desta forma que analisa Elisa Rosenthal, Presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário. A executiva observa que as companhias estão entendendo que falar sobre a pauta de gênero se traduz em lucratividade, receita e inovação.
Não à toa, esta perspectiva norteou a 3ª edição do SOMA, evento realizado pelo Instituto Mulheres do Imobiliário que aconteceu nesta quarta (14) e quinta-feira (15) no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP). Homenageando a arquiteta Lina Bo Bardi, o festival deste ano teve como proposta incentivar o papel de protagonista das mulheres no mercado imobiliário brasileiro.
“Estamos observando cada vez mais marcas e entidades de classe engajadas no tema. Antes era necessário construir esta estrada, agora vemos iniciativas que estão pavimentando e navegando por estes caminhos”, observa Elisa. “Está mais claro que falar sobre a pauta feminina, de gênero e diversidade significa falar sobre receita, novos produtos e inovação, mas, principalmente, sobre lucratividade”, analisa.
Problema complexo
O projeto encabeçado por Elisa nasceu justamente com o propósito de diminuir o abismo que existe entre as mulheres e os homens no setor. Em números gerais, este contraste vem diminuindo. De acordo com a Pesquisa Raio-X da Corretora 2023, divulgada pelo DataZAP, o número de corretoras de imóveis subiu de 34%, no último trimestre de 2019, para 40% no mesmo período de 2022.
O problema, na perspectiva da executiva, é que a quantidade de postos de trabalho ocupados pelas mulheres não é acompanhada pela relevância destas posições. “A mulher enfrenta dois grandes desafios no setor: alcançar um cargo de gerência e, depois, ocupar um papel de liderança”, analisa. “E não é uma ação simples que resolverá este problema, pois envolve muita complexidade”.
“É necessário investir nas carreiras, em investimento e capacitação”, detalha. “Ocupar um cargo de liderança, muitas vezes, significa estar em uma posição solitária, pois têm poucas mulheres que compartilham este espaço contigo. Precisamos de grupos femininos que se apoiam e se esforçam para crescer juntas”.
Impacto financeiro
Segundo um estudo realizado em 2020 pela behup, a pedido do Instituto Mulheres do Imobiliário, mais mulheres (21,1%) do que homens (12,4%) tomam a decisão de qual imóvel adquirir sem influência do cônjuge. E mais do que o dobro de mulheres (15%) que homens (6,8%) relataram que seus companheiros não ajudaram em nada no processo de escolha do imóvel.
“Não estamos falando de excluir o homem, mas de oferecer uma oportunidade para que elas ocupem estes lugares também”, defende. “As mulheres são fundamentais para a tomada de decisões importantes que envolvem a moradia. É importante deixar claro que investir na pauta feminina se traduz em resultados financeiros”.
Crédito: Breno Damascena