Novo Minha Casa, Minha Vida impactou a estratégia de lançamentos da Direcional Engenharia
Programa acelerou projetos e aumentou alcance do segmento
Por Breno Damascena
A retomada do Minha Casa, Minha Vida em 2023 representou uma agitação no mercado de incorporação brasileiro. As alterações relacionadas ao teto do valor da unidade, o aumento nos subsídios e as sinalizações do governo para priorizar a habitação impactam a estratégia de empresas que atuam no setor. A mudança de rota protagonizada pela Direcional Engenharia ajuda a ilustrar este movimento.
No terceiro trimestre de 2023, a companhia já ostentava um Valor Geral de Vendas (VGV) dos empreendimentos lançados no ano que ultrapassava R$ 4,5 bilhões. Só no 3º tri foram 15 empreendimentos lançados.
Na visão de Henrique Paim, CFO da Direcional Engenharia, entretanto, o maior impacto do MCMV em 2023 foi a perspectiva de desenvolver novos empreendimentos visando o programa. “Estávamos enfrentando dificuldades para operar no teto anterior por conta do aumento de preço de insumos. Com os valores ajustados, conseguimos voltar a atuar de forma mais sustentável”, garante.
“O mercado de incorporação respeita um ciclo longo. Porém, a gente está em um mercado pujante, que tem uma demanda muito alta. Portanto, já estávamos nos preparando para vivenciar essa mudança”, complementa o executivo, ao citar que a companhia possui um banco de terrenos de mais de R$ 35 bilhões. “A capacidade de engenharia já existia e passamos a avançar no market share do programa”.
Ele conta que antes das mudanças apenas 11% dos empreendimentos encabeçados pela RIVA, subsidiária da Direcional voltada ao segmento de renda média, se enquadrava no MCMV. Com as novas regras, 70% dos lançamentos passaram a se encaixar no programa. “As alterações nos permitiram ajustar tipologia, estruturas de áreas de lazer e outros diferenciais do edifício, aumentando o potencial público comprador”, defende Henrique.
O novo Minha Casa, Minha Vida
Apresentado como uma das promessas de campanha do governo Lula, o novo Minha Casa, Minha Vida implementou em junho de 2023 uma série de mudanças que ajudaram a ampliar a quantidade de pessoas que se enquadram no programa. Entre elas estão a ampliação do teto nas capitais de 264 mil para 350 mil para a Faixa 3 e o aumento da renda mensal para até R$ 8.000.
Famílias que se encaixam na Faixa 1 (com renda de até R$ 2.640) e Faixa 2 (até R$ 4.400) agora podem contar com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Além disso, o programa também disponibiliza novas condições de taxas de juros que tornam o financiamento mais acessível. Soma-se a isso o fato de que o governo federal se comprometeu a entregar 2 milhões de moradias até 31 de dezembro de 2026.
“As prefeituras e o estado também têm percebido o potencial do desenvolvimento imobiliário. Em São Paulo, por exemplo, existe o Casa Paulista”, observa o CFO da Direcional Engenharia. Diante deste cenário, a companhia prevê um crescimento anual de 27%. “Estamos otimistas”.
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