O que é steel frame? Os prós e contras do método construtivo

Sistema atrai por velocidade e potencial ecológico, mas possui pouca mão de obra qualificada

Por Breno Damascena

Na esteira de inovações que se tornam tendência no mercado imobiliário, o steel frame tenta substituir o cimento e o tijolo para se consolidar como um método construtivo com protagonismo no cenário mundial. 

Ao invés da alvenaria e da betoneira, o sistema apresenta estruturas de aço prontas e a promessa de um sistema mais ecológico, rápido e eficiente. O avanço da iniciativa, porém, esbarra no custo e no desafio para encontrar mão de obra qualificada.

O que é steel frame? 

Também conhecido como construção à seco, o steel frame é um método de construção que adota estruturas pré-fabricadas com chapas de drywall e placas de aço galvanizado para substituir toda a jornada de construção convencional, de tijolos, cimento e areia. A “cola” desse processo construtivo são parafusos desenhados para manter as edificações de pé.

O propósito do steel frame é mitigar os riscos construtivos e os atrasos, além de aumentar a previsibilidade de custos.

“A parede não precisa ser rebocada, as tubulações são previamente desenhadas e os buracos da tomada já chegam ao canteiro de obras prontos. Agora é só conectar tudo. O profissional precisa apenas saber utilizar uma parafusadeira”, resume Eduardo Gorayeb, Presidente da Inovahouse, franquia especializada no modelo.

As vantagens do steel frame

Velocidade da construção

Defensores do steel frame argumentam que o fato das peças serem construídas previamente e sob medida faz com que a construção seja mais rápida, inteligente, ecológica e durável. “Você tem o prazo e o custo garantidos antes da obra começar, com muito menos riscos de imprevistos”, defende Gorayeb.

Outra vantagem assegurada pelo setor é a velocidade de produção dos insumos de aço. “Uma construção de 200 m² pode ser construída em cinco ou seis meses”, garante Fernando Scheffer, fundador e diretor de marketing da Espaço Smart, loja que comercializa casas em steel frame.

Isolamento acústico

Destaca-se, também, o potencial de isolamento acústico e de temperatura conferido aos imóveis construídos com esta tecnologia. Isso acontece porque os materiais que compõem as placas são mais grossos e garantem uma espécie de camada extra à construção. 

Durabilidade

“São materiais com certificação de durabilidade e um tempo de vida mais longo”, acrescenta Gorayeb, ao apontar a resiliência como um dos diferenciais do steel frame. “A qualidade final do produto é superior e a durabilidade do aço é maior do que os materiais convencionais”, garante o executivo. 

A perspectiva dele se apoia no padrão do steel frame, de substituir as vigas ou colunas de apoio de tijolo e cimento por paredes de concreto que sustentam o peso das placas. Assim, toda a estrutura de aço é a própria estrutura que sustenta o imóvel. 

Sustentabilidade

O steel frame recebeu o apelido de “construção seca” porque dispensa a utilização de água. Mas esta não é a única vantagem ecológica do sistema. 

A produção de resíduos também é menor, afinal todas as peças são previamente planejadas e construídas sob demanda para um projeto específico. A prática diminui o desperdício na construção civil, um dos setores que mais causam impacto ambiental negativo no planeta. 

Há, ainda, o isolamento termoacústico conferido às construções que diminuem a necessidade de manter o ar-condicionado ligado no verão, por exemplo.

Flexibilidade

“O steelframe aceita qualquer tipo de projeto. Por ser mais leve, ele acaba atendendo limitações que a alvenaria não atende, ao mesmo tempo que não tem nada que a alvenaria faça que ele não faça”, assegura Scheffer. Por ser mais leve, o transporte também pode ser menos custoso. 

Desvantagens do steel frame 

Falta de mão de obra

Por não ser o método mais popular de construção no cotidiano brasileiro, não existem muitos profissionais qualificados, em comparação com o mercado tradicional. 

“Não é qualquer pedreiro que consegue construir em steel frame. Enquanto São Paulo e o sul do Brasil já possuem um bom número de especialistas, os outros estados ainda não. E este é o grande gargalo do crescimento do segmento”, aponta Scheffer. 

Eduardo Gorayeb corrobora a visão. “O modelo ainda não está consolidado porque enfrentamos a falta de mão de obra. Mas agora é um momento de virada. Acredito que nos próximos 5 anos, será difícil até construir pelo caminho convencional”, sonha o executivo. “As pessoas não aguentam mais receber um prazo que não é cumprido”, pontua. 

Ele entende que o steel frame vai mitigar a ausência de mão de obra. “O processo consiste apenas de encaixar uma peça na outra. O que precisamos agora é de montadores. Ao invés de ter 30 pessoas para construir um imóvel, serão necessárias cinco”, calcula o empreendedor. “Todo o serviço pesado já está sendo feito dentro da indústria”. 

Custo

O custo de uma construção utilizando o steel frame é mais caro do que as obras de alvenaria. De acordo com a InovaHouse, o metro quadrado do sistema custa a partir de 2.500,00. O orçamento da SteelFrame indica que, com kits adicionais, como opções de piso, custos relacionados à elétrica e acabamentos, o valor pode variar de R$ 3.5 mil a R$ 5 mil. 

Enquanto isso, o Custo Unitário Básico (CUB) indica que o m² de um prédio construído com tijolo e cimento custa aproximadamente R$ 1.826,50. 

Para Eduardo Gorayeb, o problema não é o custo em si, mas o modelo de financiamento do mercado. “Precisamos incentivar o acesso a crédito para que mais pessoas possam realizar a migração”, observa. “A única forma de melhorar o déficit habitacional é com construção rápida, de qualidade, com previsibilidade de custo e financiamento adequado”, afirma. 

Empresas apostam no lucrativo mercado de steel frame

É olhando para o potencial deste mercado que empresas surgiram para tentar popularizar o steel frame em território nacional. A Espaço Smart é uma delas. Fundada em 2014 em Ponta Grossa (PR), a companhia possui 32 lojas físicas distribuídas por Brasil e Paraguai. É uma espécie de “loja de casas”, em que vendem imóveis prontos ou com personalização para os clientes. 

“Desenvolvemos um ecossistema que engloba uma indústria para produção dos materiais, um departamento de engenharia para a criação dos projetos estruturais em steel frame e as lojas, que possuem um showroom onde o cliente consegue entender todo o sistema. Além disso, temos o e-commerce, que é um facilitador para que nossos clientes consigam comprar uma casa pela internet”, enumera Scheffer. 

Desta forma, a empresa vendeu 560 imóveis em 2023, com um ticket médio de R$ 400 mil por unidade. A expectativa da companhia é comercializar 750 casas neste ano. Para alcançar o objetivo, a Espaço Smart aposta em um sistema de financiamento próprio e em uma parceria com o SENAI para promover a qualificação de mais profissionais no setor. 

Também é nessa direção que caminha a Inovahouse, franquia especializada no setor. Além de fornecer o kit para montagem e acesso a tecnologia, o negócio oferece um treinamento aos franqueados para que eles aprendam a montar casas e conheçam melhor o modelo. 

Atuando com pequenos e médios empresários, a empresa antecipa parcerias com escolas técnicas para estimular a transição de trabalhadores da construção civil. “Não acredito que o sistema vai gerar desemprego, porque à medida que o número de construção steel frame aumenta, mais pessoas vão se adaptar para atender essas demandas”, avalia Eduardo Gorayeb.

Crédito: Inovahouse/Divulgação

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