Qualidade de vida e valorização imobiliária quando o assunto é desempenho acústico
Por Fernando Scheffer – editada por Mariana Collini em 04/12/2024
O crescente interesse por wellness buildings, como são chamadas as construções que incorporam espaços voltados ao bem-estar, como saunas, spas, academias e outros ambientes de lazer, revela uma tendência do público em priorizar a qualidade de vida dentro de casa.
Entretanto, o conceito de bem-estar vai além da mera adição de novos espaços e impacta a escolha dos materiais e revestimentos da obra. É nesse contexto que o desempenho acústico se destaca como um fator crucial, contribuindo significativamente para o conforto e a qualidade de vida no interior dessas construções.
Quando falamos sobre este conceito, nos referimos à capacidade de um ambiente em minimizar a propagação e a intensidade de sons e ruídos indesejados, provenientes tanto de fontes internas quanto externas.
A norma brasileira, caracterizada neste caso pela NBR 15575 (Norma de Desempenho em Edificações Habitacionais), estabelece parâmetros para o isolamento acústico de paredes, pisos e janelas, de forma a garantir que sons externos ou de outros ambientes próximos não perturbem o residente.
Para se ter uma ideia do tanto que esse conceito vem sendo estimado pelo público, basta olhar as cifras do mercado. Segundo relatório desenvolvido pela MordorIntelligence, o setor destinado ao isolamento acústico deverá atingir 16,90 bilhões de dólares globais em 2024. A expectativa é atingir US$ 22,20 bilhões até o final da década.
Uma casa que possui um isolamento acústico qualificado reduz drasticamente a entrada e propagação de sons e ruídos indesejados.
Em especial, nas áreas urbanas, onde os moradores lidam frequentemente com ruídos intensos e contínuos, o elemento sonoro é fundamental para garantir um ambiente mais tranquilo e confortável.
Além da questão do conforto sonoro do ambiente, a acústica avança também como uma forma de valorização imobiliária. Proprietários que investem em materiais e técnicas de isolamento adicionam um diferencial competitivo ao bem, uma vez que compradores já consideram esta questão como critério importante no momento de aquisição.
Sons e métodos construtivos
No entanto, muitas vezes não é tão simples chegar a um bom desempenho acústico. Isso porque diversos fatores influenciam este aspecto, incluindo a localização, a proximidade com fontes de ruídos, trânsito, o tipo das janelas e portas, a tipologia de paredes, divisórias e teto.
Um dos elementos determinantes é definido antes mesmo do início das obras, já pela escolha do método construtivo e dos materiais que irão compor a residência. Na tradicional alvenaria comum, por exemplo, não existem camadas adicionais na construção de paredes, fazendo com que seu potencial de isolamento sonoro seja baixo.
Já no caso de construções em Light Steel Frame, por exemplo, que utilizam além das estruturas de aço galvanizado, camadas adicionais de placas de drywall e lãs termoacústicas, é possível atingir um melhor isolamento acústico.
Apesar da importância, ainda existem desafios, principalmente para viabilizar soluções acústicas de qualidade a um custo acessível.
A dificuldade de acesso a materiais de alto desempenho, somada à complexidade técnica das obras, tornam o isolamento sonoro um item muitas vezes restrito a uma parcela pequena do mercado.
Por outro lado, é preciso destacar também que o avanço das tecnologias e o aumento da demanda, devem contribuir com esforços nesse aspecto, ajudando na democratização do bem-estar acústico nas construções.
A partir do momento em que a qualidade do ambiente interno ganha relevância, o conforto acústico passa a ser um critério fundamental do conceito moderno de bem-estar residencial, que valoriza o imóvel e promove uma vida mais tranquila e saudável aos moradores.
Studio Romantic/AdobeStock