Retrofit de edifício histórico na Praça da República mira aluguéis acessíveis

Empreendimento residencial tem sustentabilidade como um dos pilares principais

Por Breno Damascena

Construído na década de 1950, o Edifício Chrysler faz parte de um conjunto de prédios históricos que constituem os tempos áureos do centro de São Paulo. Renascendo agora com o nome Citas República e com o foco em locação residencial, o empreendimento faz parte de um movimento de retomada da região protagonizado por iniciativas de retrofit. 

O projeto original do prédio é do arquiteto Jacques Pilon, o mesmo nome por trás da Biblioteca Mário de Andrade. Localizado na Praça da República, o edifício de 11.300 m² agora vai abrigar 283 unidades habitacionais com 33 opções de tipologias. São apartamentos de 19 a 67m² mobiliados e disponíveis para locação com valores que vão de R$1.750 a R$3.500, incluindo o condomínio. 

Este é o maior projeto da história da Citas, empresa dedicada à requalificação de ativos imobiliários via retrofit para locação no centro de São Paulo. “As pessoas em geral não olhavam para a região como uma oportunidade. O mercado imobiliário é muito engessado e investidores acham que um retrofit no centro representa um risco. Porém, é um local com muita infraestrutura, cultura e outros atrativos”, defende Isadora Rebouças, CEO da Citas.

“Conforme os incentivos da prefeitura chegaram, ficou mais fácil mitigar os riscos envolvidos”, complementa Rebouças. A requalificação do Citas República se enquadra no Programa Requalifica Centro da Prefeitura de São Paulo, que promove a revitalização de estruturas antigas na região central e impulsiona investimentos imobiliários com o propósito de diminuir o déficit habitacional na cidade.

Modelo de locação

A estratégia de disponibilizar o edifício apenas para locação parte de um desejo da companhia de participar de toda a jornada de moradia do inquilino. “O mercado é bastante voltado para incorporação. Depois que o imóvel é vendido, os incorporadores vão embora. Queremos transformar a qualidade de vida do morador”, garante Rebouças, que entende que o público da região tem demandas específicas. 

“Quem mora no Centro é porque acredita no Centro. São pessoas que conseguem conviver com as particularidades do local, que dão valor à cultura e que buscam se relacionar com o que tem de bom aqui”, observa a executiva. “Em muitos casos, é o primeiro apartamento de alguém que acabou de terminar a graduação. Por isso, entendemos que faltava um produto econômico, barato, mobiliado e prático que eles consigam pagar”, acrescenta. 

Todos os apartamentos do edifício são entregues com mobília. Os armários foram produzidos e montados por refugiados, como parte do projeto “Refúgio na Cidade: Marcenaria e Acolhimento”. Desenvolvida em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a International Finance Corporation (IFC), a ação capacita e integra refugiados e migrantes no mercado de trabalho por meio do treinamento em marcenaria.

Sustentabilidade

Outro destaque do empreendimento é o pilar de sustentabilidade. De medidas simples, como a instalação de louças, metais e chuveiros com baixo consumo de água, uso de lâmpadas de led, sensores de presença e pintura das fachadas com tinta reflexiva, a pontos mais complexos, como a diminuição de carbono incorporado, a Citas buscou tornar o projeto mais sustentável. 

“O retrofit possibilitou reutilizar parte das estruturas existentes, gerando uma economia de 70% no consumo de materiais em comparação à construção de um edifício novo. Destaca-se, também, a manutenção das estruturas, reforma das esquadrias, reaproveitamento de 60% dos pisos existentes e a preservação dos acabamentos nos halls dos elevadores”, ressalta Beatriz Vigiato, head de engenharia da Citas.

Crédito: Acervo Citas

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