‘Carro voador’ vai ser produzido em Taubaté
A Eve Air Mobility (Eve), uma subsidiária da Embraer, anunciou nesta quinta-feira, 20, que a primeira fábrica do eVTOL (sigla em inglês para veículo elétrico de pouso e decolagem vertical, como é chamado oficialmente o “carro voador”) será em Taubaté, no interior de São Paulo. A unidade vai ocupar uma área a ser ampliada dentro da fábrica da própria Embraer na cidade.
A escolha se deu, principalmente, devido aos custos de instalação e à proximidade com São José dos Campos, onde fica a equipe de engenharia e desenvolvimento das duas empresas, segundo André Stein, co-CEO da Eve. As cidades ficam a cerca de 40 quilômetros uma da outra. Hoje, a Embraer tem um centro logístico em Taubaté.
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Já a sede administrativa da Eve ficará nos escritórios da Embraer no distrito de Eugênio de Melo, em São José dos Campos. Essa unidade foi reformada em 2019, ao custo de R$ 120 milhões, para receber os funcionários da companhia brasileira quando a venda de seu braço de aviação comercial para a Boeing fosse concluída. A empresa americana, porém, desistiu do negócio em 2020.
Ao Estadão, Stein afirmou que a estratégia da Eve é “modular” – isto é, novas plantas poderão ser anunciadas a depender da demanda pelos “carros voadores”.
Em Taubaté, a empresa deve montar o veículo, testar e desmontá-lo antes de enviá-lo ao país comprador. Próximo ao mercado de destino, ele será remontado. O executivo disse que o eVTOL poderá ser remontado em alguma outra unidade da Embraer, mas que ainda está em discussão a possibilidade de esse trabalho ser feito por terceiros.
Stein não revelou o investimento que será feito nem a capacidade de produção, mas disse que a planta deve operar em um modelo intermediário entre o de uma fábrica de aviões e o de uma montadora de carros. “Serão algumas poucas milhares de entregas de eVTOLs por ano, não necessariamente a partir de uma única fábrica.”
Mercado
A Eve calcula que o mundo terá 50 mil eVTOLs em operação em 2030, e a intenção da empresa é ter uma participação de cerca de 30% nesse mercado. “Esperamos ter participação bem relevante. A Embraer, em outros segmentos em que atua, tem um pouco mais de um terço de market share. Esperamos ter números similares.”
Dessas 50 mil unidades, 245 podem operar no Rio Janeiro, segundo cálculos da companhia. Para São Paulo, a empresa estima uma capacidade de 400 eVTOLs quando o mercado estiver maduro.
Apesar de ainda estar desenvolvendo o veículo, a Eve já recebeu encomenda para 2.850 aeronaves. O cronograma da empresa prevê a apresentação do protótipo ao mercado em 2024. O início das operações está previsto para 2026.
Empresa diz que Rio vai precisar de 37 ‘vertiportos’
Por ora, o desenvolvimento de um ecossistema (que envolva rotas e pontos de abastecimento) para o eVTOL está mais avançado, entre as capitais brasileiras, no Rio de Janeiro e em São Francisco, nos Estados Unidos. Para o Rio, a Eve calcula que haverá a demanda de 4,5 milhões de passageiros por ano e a necessidade de implantação de 37 “vertiportos” (os locais onde a bateria dos veículos será recarregada e onde os passageiros vão embarcar).
O projeto da companhia também prevê que a certificação do “carro voador” ocorra primeiro no Brasil, envolvendo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Posteriormente, a certificação deverá ser validada pela Federal Aviation Administration (FAA), o órgão regulador dos EUA.
Em nota, o CEO da Embraer, Francisco Gomes Pinto, disse que a empresa acredita “no enorme potencial do mercado global de mobilidade aérea urbana, e reforçamos nosso compromisso com a Eve como uma das principais empresas desse setor”.
Luciana Dyniewicz
Estadão Conteúdo