Sustentabilidade, fintechs e redes sociais como destaque no Web Summit Rio 2025

 Sustentabilidade, fintechs e redes sociais como destaque no Web Summit Rio 2025

Inteligência artificial também foi tema constante e startup brasileira do setor ganhou competição dedicada a empreendedores

Por Igor Ribeiro, Gabriel Vasconcelos (Broadcast) e Juliana Garçon – editada por Mariana Collini em 14/05/2025

Durante painel sobre tendências de marketing para 2025 no Web Summit Rio, Jason Carmel, da VML, fez uma analogia sobre o próximo passo do debate a respeito de inteligência artificial. Ao lado de Diana Ramirez (head Latam de advertising do Spotify) e Dan Whateley (repórter de mídia do Business Insider), o head global de creative data da rede do WPP questionou: “Se um dia alguém anunciar a cura do câncer por meio de inteligência artificial, qual você acha que vai ser a manchete? A cura do câncer, ou que foi a inteligência artificial?”.

Sua retórica infere o latente desejo do mercado em elevar o debate para além do IA. Sendo esta uma tecnologia sem volta, a maioria dos temas será inevitavelmente tocada por ela, passando a IA a representar aquilo que orbita a tudo e todos. Mais um entre tantos aspectos das transformações digitais que nunca desaceleram.

Mas essa guinada ainda levará algum tempo. A tecnologia ainda era foco de encantamento no Web Summit Rio, que se encerrou nessa quarta-feira, 30 de abril. Na competição entre centenas de startups venceu, por exemplo, a brasileira DigAí, cuja tecnologia em inteligência artificial integra diferentes soluções corporativas, como recrutamento, vendas e produtividade.

Sustentabilidade

Por outro lado, também foi possível navegar o evento por vias mais “naturais”. Sustentabilidade foi um tema especial, tendo em vista a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP 30, que neste ano será realizada no Brasil. Não por acaso, esta edição do Web Summit inaugurou um palco dedicado a “nova energia”, reunindo especialistas como Ana Paula Rodrigues (Embraer), Juliana Schurmann (Impact Coallition Institute), LJ Silverman (London School of Economics) e a atriz australiana de ascendência peruana Nathalie Kelley, que fez uma defesa enfática da sabedoria ancestral dos povos indígenas latino-americanos como a melhor tecnologia possível para combater a degradação ambiental e a crise climática.

Também estiveram presente alto executivos de forças empresariais da cadeia energética brasileira, como Giancarlo Vassão (Neoenergia), Max Xavier Lins (Delta) e Ernesto Pousada. O presidente da Vibra afirmou ao Estadão/ Broadcast que a empresa quer liderar a distribuição de combustível sustentável e aviação (SAF) no Brasil. “Temos clientes hoje que estão demandando cada vez mais essa substituição (de fóssil por renovável). E aí trouxemos o SAF para clientes nossos. É parte da nossa estratégia”, afirmou Pousada.

Ainda na pauta sustentável, um dos últimos painéis do palco central reuniu a cantora Gaby Amarantos, o fotógrafo Bob Wolfeson e Aaron Sutton, diretor criativo da agência Africa, que relataram o projeto audiovisual que lideraram para contar histórias de preservação da floresta amazônica, iniciativa patrocinada pela Vale. A empresa também teve presença na feira de exibidores, inclusive com presença do presidente Gustavo Pimenta.

Fintechs e plataformas sociais

A tecnologia financeira do Brasil é sempre destacada como uma das mais avançadas do mundo e não poderia ser diferente no Web Summit. Empresas como a gaúcha PagBrasil e a mineira Zydon anunciaram novidades para facilitar transações comerciais via Pix e WhatsApp, respectivamente.

Mas também se destacaram multinacionais como MasterCard e Itaú BBA. “A nossa jornada agora é de experimentação e estar próximo dos clientes”, disse Milton Maluhy, CEO do banco, comunicando o projeto de lançar, ainda neste trimestre, um assistente de investimentos baseado em IA. “A inteligência vem empoderar esse processo (de transformação do banco). O nosso papel é ressignificar tudo o que o setor financeiro fez nos últimos anos”, afirmou.

Plataformas sociais — outro tema de excelência brasileira — também esteve entre os conteúdos principais. Ivete Sangalo, Jade Picon, Hugo Gloss e Taís Araújo foram algumas das personalidades que compartilharam suas experiências na gestão de perfis sociais durante o Web Summit.

Até mesmo o uso político do Twitter por Elon Musk foi tema de debate. “O Brasil foi uma espécie de laboratório para os planos que ele (Musk) tinha para o X”, disse Kate Conger, repórter de tecnologia do New York Times. “Mais tarde, isso acabou trazendo enorme conflito de interesse das empresas dele, quando se viu pressionado a rever aspectos da moderação da plataforma para que isso não ferisse outros negócios dele no País, como a Starlink”, complementou.

Com poucas horas de diferença, o próprio ministro e presidente do STF, Luís Roberto Barroso, relembrou no Web Summit que a suspensão do X havia sido decidida pela falta de representação legal da plataforma no Brasil. “O Supremo teve um pouco o protagonismo, ao lado da sociedade civil, da imprensa e de parte da classe política, de oferecer resistência à utilização das plataformas digitais com o ímpeto destrutivo das instituições”, disse, referindo-se aos acontecimentos de 8 de janeiro de 2023.

O Web Summit Rio volta a ser realizado em 2026, após a organização do evento anunciar a continuidade da parceria com a cidade do Rio de Janeiro por mais cinco anos. Neste ano, passaram pelo Rio Centro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, mais de 34,5 mil participantes de 102 países como Argentina, Chile, Cingapura, Equador, Estados Unidos, Índia, Portugal e Reino Unido. Destaque ao recorde de 1.397 startups inscritas, aumento de 31% na comparação com 2024.

https://www.estadao.com.br/midia-mkt/sustentabilidade-fintechs-e-social-media-protagonizam-debates-no-web-summit-rio-2025

Foto: Vaughn Ridley/ Web Summit/ Divulgação

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *